terça-feira, 9 de junho de 2015

GATO COMEU PASSARIM - Rita Bittencourt

Andei pensando, por que escrevo, às vezes, pra estranhos... Descobri: os estranhos são solidários, isentos, não precisam "curtir" pra inflar nosso ego. O estranho é verdadeiramente sincero. Se gosta, fala, se não gosta, cala-se... É isso que eu quero! E SURPRENDEM-ME! Sempre disse que sou sortuda! Tive o melhor homem do mundo, planejei um filho que dei ao mundo e orgulho-me dele, tive uma mãe invejável, tenho um pai mentiroso pra me alegrar e sincero quando lhe convém, poi...s é o seu jeito... Isento, feliz, pleno, inteligentíssimo, meu companheiro, agora. Cheguei inda há pouco e falei: papai, trouxe uns pastéis, uns pãezinhos, vou fritar uns ovos pra nós, abrir um vinho. Daí, fritando os ovos, comecei a poetar - sempre faço poesias e bebo vinho enquanto cozinho. O de hoje é CASA DE MOURAS, RESERVA, tinto Douro, o que me faz lembrar da minha amiga, cantora das boas, Rita Porto, e seu marido Ricardo, lá da terrinha...
Pois, poetando, queimei os ovos! O papai perguntou-me, o que está escrevendo? Fazendo poemas, papai... E os ovos, minha filha? Ah, meu Deus, queimaram-se!
Vou fazer outros, o pão tá quentinho... Papai falou, sabe, minha filha, não tou com fome, tire dois pães pra mim, mais tarde eu como... Vou pro quarto...
É DISSO QUE SINTO FALTA! O MEU EDINHO GARGALHARIA POIS JÁ O FEZ MIL VEZES NAS MIL VEZES QUE QUEIMEI NOSSAS COMIDAS. Mas papai não é o meu Edinho, é meu pai, do qual cuido com o maior carinho, meu companheiro e meu amigo sincero.
Fiquei triste, aborreci-me? NÃO!
Fritei, novos ovos - amo ovos! - peguei duas taças de cristal quase centenárias, e bebi meu vinho, olhando pra taça vazia que coloquei no lugar do meu Edson , na mesa. E estou aqui escrevendo pra quem quiser ler, pra quem gostar de ler, pra quem gosta de ouvir histórias. O poema?
Nasceu de uma observação, hoje pela manhã, no quintal da casa ao lado... Pensei na Véia Sará, nossa babá, que diria assim, do poema que chamei


GATO COMEU PASSARIM
Passarim, bunitim, olhim pretim, pequenim,
avoou, pra aprendê...
tonteou, caiu no chão,
gato pegô...
Ô dó...
Tô eu, aqui,
cum o coração apertadim,
fraquim, fraquim...

Quem tá com o coração apertadinho sou eu, minha velhinha. Fraquinho, fraquinho...
Estou reaprendendo a ser feliz, na solidão. Onde quer que esteja, obrigada por ter cuidado tão bem de mim! AMOR, AMOR, AMOR!!!

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