terça-feira, 7 de junho de 2011

"Cenas de Viagem" - Rita Bittencourt

Saímos hoje do Rio, eu e o meu Edinho, e nos dirigimos a Juiz de Fora onde fomos tratar de minha próxima exposição. Acordamos cedinho e lá pelas oito horas tomávamos o café da manhã na Pavelka, em Petrópolis. Nos sentamos, e enquanto esperávamos o café, um homem moreno, alto, se aproximou e elegantemente falou:
- "Com licença, minha mulher faz aniversário hoje, pedi um bolo, vocês poderiam me acompanhar para cantarmos o parabéns pra ela?"
Prontamente dissemos que sim!
Ele ainda disse que esperássemos um pouco até o bolo chegar, que seria uma surpresa... E se dirigiu a outra mesa, onde estava outro casal e presumo que falou o mesmo. Nos entreolhamos todos, aguardando o sinal. Presumimos que era a chegada do bolo trazido pelo garçon. E quando chegou nos levantamos e nos dirigimos à mesa deles, num cantinho de enamorados. E cantamos parabéns feito crianças, para uma bela mulher, timidamente surpresa e feliz com homenagem tão inesperada. O homem, orgulhoso feito um menino em sua mais atrevida travessura, coisa que nos encantou a todos. Naquele momento éramos uma família. Nos abraçamos, nos beijamos, comemos o bolo - de bananas e passas - e partimos para nossas vidas tão sem surpresas, tão absolutamente, previsíveis!
E no caminho fui pensando, emocionada, que coisas assim ainda acontecem nesse nosso mundo louco, que os homens continuam apaixonados por suas mulheres e, não só ainda mandam flores, como confraternizam com estranhos, fraternalmente.
Fiquei pensando que bom seria se sempre fosse assim, que nos falássemos, nos beijássemos e nos abraçássemos como se fosse a coisa mais natural do mundo, que não tivéssemos medo ou desconfiança e buscássemos essa essência escondida de homens bons e fraternos que escolhemos deixar guardado nos escaninhos para não parecermos tão frágeis aos deconhecidos.
Mentalmente desejei ao casal, Adriana e Antônio, mais do que felicidade: eternidade. Que jamais se desencontrem e que quando forem estrelas fiquem lado a lado, no firmamento.
E agradeço a eles esse começo de manhã tão lindo que contribuiu para que tudo desse certo hoje e para que eu nem ligasse, nem ligasse mesmo, para a caixa do supermercado, indagorinha, que não respondeu ao meu entusiamado boa-noite!
Boa-noite, Adriana e Antônio. Parabéns. As flores acima são pra vocês!