terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

"" A parte que me cabe" - Rita Bittencourt

Busco os mistérios, seus encantos
a surpresa, o enlevo.
Busco a tênue linha entre o sim e o não,
o fim escuro do poço,
a luz em explosão depois,
o mais e seus limites,
a plenitude do menos,
a embriaguez dos voos,
a agonia da queda e o assombro.
Insisto, persisto, nunca desisto.
Choro, esperneio, sou fera, sou santa,
não devo, não cobro,
não me furto, não fujo.
Já vi, ouvi, falei, defendi, vivi, intuí, acertei, errei,
mas não dei a cara à tapa! Caras, não estapeei...
Carne viva,
já morri mil vezes,
nada mais me espanta...

Faço a parte que me cabe
com os olhos pintados de verde,
batom laranja,
vestido azul e saltos altos
que me permitem tocar os céus.
Ando aprendendo a gargalhar!
Ontem, quando a tarde caia, perfeita para ilustrar meu poema.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

"Creio em milagres"- Rita Bittencourt

    Andam ceifando campos de flores. Ao lado, o de ervas daninhas viceja. O de flores é delicado e tomba fácil, o outro resiste à seca, parece que vai fenecer, curva-se, seca e, de repente,  brota do nada...Ah, Senhor, quais são os seus critérios? Não consigo entender, por mais que todas as doutrinas expliquem-me "Vossa Vontade e Desígnios" . Minha imperfeição e ignorância não me permitem compreende-lo, apesar de crer em Ti. Não vivo de fé, Senhor, apesar de te-la. Não vivo, mais, de esperança, mesmo que ela faça parte de mim. Não vivo mais de esperas. Já me foram dadas todas as dádivas ou sorte. Acabaram-se as ilusões. Uma pedra, é uma pedra - embora ame suas formas, uma ave é uma ave, embora ame seu mecânicos voos - o do urubu é lindo! -  uma flor é  uma flor e amo suas cores e formas, uma cobra é uma cobra e são lindas, principalmente quando não sentem-se ameaçadas. Rastejam sinuosas... E nenhum deles é bom ou mau, pois a cobra come a avezinha, que come o inseto, que pica os bichos que comem as ervas e outros bichos e a cadeia forma-se para a continuação da vida. O resto é metáfora. Até essa minha escrita... No entanto, creio em milagres, esse fenômeno que acontece quando o universo inteiro conspira para que algo aconteça, anjos, santos, o vento, a lua, o sol as estrelas e, num momento de perfeição, o impossível materializa-se independente de nossas súplicas! Aí, ajoelho-me. Ah, sim, creio em milagres!
Brincos cobrinhas. Titânio e prata.