sábado, 18 de abril de 2015

"LITERATURA" - Rita Bittencourt

Um dia desses minha nora perguntou-me:
- Tia, tem durex.
- Tenho.
-Onde está?
- Vai ao escritório, no armário do lado esquerdo de quem entra, abra a terceira porta e está na prateleira de baixo.
Ela foi, voltou e, muito prática falou-me:
-Tia, bastava dizer que estava no armário...
Eu respondi, brincando:
Filha, isso é literatura...
Depois postei umas coisas no face, na verdade, repostei, e todos os meus amigos ficaram preocupados comigo... Não era literatura... Era intensidade. Intensidade de saudade, de solidão , de desesperança, de agonia e espanto. Tudo isso, mas só! (?)  Sempre fui intensa, absolutamente feliz, plena, decidida, independente, amparada, amada, amada, amada... O que vocês fariam no meu lugar? Alguns ficam anos sob um edredom, outros infernizam a vida da família toda, outros, viram zumbis, outros catatonizam-se e ninguém penetra naquela parede invisível... Eu, tão só, com um pai maravilhoso e idoso que SE protege ( os idosos  protegem-se) perscrutando-me para ver se estou feliz - faço cara de feliz, rio, brinco - um filho atencioso que inverteu os papéis e , agora me dá conselhos-perambulo por esse casarão e não vejo graça em nada. Então, escrevo. Para os amigos e para alguns estranhos que conheço o jeito, a alma... E falo do que sinto...
Sinto, sinto falta e uma saudade imensa do meu marido, não vou me acostumar nunca em não te-lo, que deixou, com sua partida, um buraco no meu peito, que melhor seria se fosse uma bomba    que me desfizesse  e me lançassem na estratosfera e eu viraria partículas , as menores delas  e me embolaria na poeira cósmica e talvez, parte de mim formasse uma estrela, uma lagarta, um grão de areia, uma gota dágua... Mas meus queridos, tão preocupados, que me ligaram,  minhas irmãs, Almeidinha, Lourdes, Cibele, Eliana, Aurê, Miriam, D. Conceição, Magaly, meu filho, eu estou bem. Bem porque sei o que quero e preciso e me esforço para estar bem. Mas não se iludam, jamais serei a mesma. Mas vou rir, vou cantar, vou me alegrar, estou retornando, devagar... Seremos felizes juntos, novamente, eu vou viver a vida que Deus me deu até o fim pois quero ver a face Dele, um dia e falar, "Sobrevivi, assim me fizestes!"... E não me reprovem por ser malcriada com Ele... Somos os melhores amigos, sempre fui protegida e amparada  e por Ele quero ser julgada. Quando sentir vontade, vou escrever, às vezes, me arrepender depois, prestarei contas a Ele. Os que julgam-me negativamente e  censuram-me, excluam-me. Não excluo ninguém por ser uma pessoa muito bem educada e respeito todos as opiniões, credos, gêneros, escolhas... Escreverei sempre sobre o Edinho, meu amor. Eu o conheci com 17 anos. Não digo quantos anos tenho agora, pois minto a idade , mas passamos muitos anos juntos. Felizes, plenos, saborosos, divertidos, aventureiros, cheios de cumplicidade e já fomos às estrelas!

Sou grata por ter sido tão privilegiada. E talvez por isso, reclame tanto, mas Deus gosta de mim e eu O amo. Meus amigos, aguentem-me! QUE TODOS TENHAM A SORTE DE CONHECER UM GRANDE AMOR! SOU  E SEMPRE FUI UMA SORTUDA!