domingo, 19 de janeiro de 2014

Tenho mania de abraçar e beijar. Parei, fui mal interpretada algumas vezes... Certa vez num desses cursos livres de joalheria, no SENAI, tinha uma aluna, mulher madura, gordinha, quase feia, sem ser, de olhar e aspecto triste, colega de turma. Estava sempre quieta, absorta, trabalhando AVIDAMENTE, arqueada sobre o exercício, como se o escondesse. Lá pro fim do curso, a turma já entrosada, antes do intervalo para o lanche, cheguei perto daquela solidão que ela passava, dei-lhe um beijo no ombro e passei a mão na sua cabeça. Um gesto de solidariedade, de afeto por aquela pessoa tão escondida dentro de si mesma... Pouco depois, no "recreio", estava quase a turma toda reunida. As mulheres conversavam baixo, como se confabulassem e quando me aproximei, todas se calaram, meio assim, "onde coloco minhas mãos"? Dirigi-me ao grupo e ninguém conversou comigo. Saí, sem graça, disfarcei e fiquei pensando, "o que fiz de errado, por que me alijaram? Descobri que foi o beijo gratuito, o carinho, mal interpretado... Françoise Sylvia Perret deve lembrar-se disso pois estava no grupo e no dia seguinte passou-me um texto por e-mail, um estudo sobre a importância do abraço, onde umas pessoas na rua distribuíam abraços gratuitos. Parece-me que isso correu o mundo... Eu que sempre fui tão amada, beijada e abraçada praticava esses afetos gratuitamente quando achava necessário, quando via alguém triste e solitária, arisca, em defesa, sem nenhuma outra conotação que não fosse o de dizer "EU TE AMO COMO AMO O UNIVERSO INTEIRO, COMO AMO TODOS OS SERES, O DIA, A NOITE, EU TE ABRAÇO E TE BEIJO POIS SOU GRATA E FELIZ E QUERO UM POUCO DISSO PARA TI"! O que será que pensaram ou falaram de mim? Pode um beijo, um carinho, fazer mal? Quando terminou o curso, na frente de todos, fiz questão de abraçar Françoise, bem apertado, mostrando a importância do abraço, do afeto e distribuí um poema para todos, que não tinha nada a ver com o episódio, mas que falava de gratidão e esperança.