quarta-feira, 11 de março de 2009

SOL NOTURNO

Abri a janela da minha casa, escancarei as portas, descerrei as cortinas... Toquei nas plantas, senti o vento, olhei o céu, respirei forte. Observei, demoradamente, o vôo das mariposas ouvi os sons das crianças lá fora e o ladrar de cães ao longe. Espreitei o vôo de um pássaro cinzento que buscava o ninho. Uma porta bateu com o vento, uma moto passou louca... Um carro buzinou, ouvi o mar batendo nas pedras e o apito de um navio cuja bandeira, não sei. Uma mãe gritou por seu filho. Discutiram... Chico Buarque cantou - há quanto tempo?- "Valsinha", no vizinho ao lado. Alguém gritou muito e muito, praguejou, bateu as portas e deixou cair panelas. O velho no quarto ao lado chamou, mais uma vez, por seu filho ausente. Um liquidificador triturou sei lá o quê com o seu barulho estérico... Talvez, mágoas triture... Uma novela veio ao ar, a vida entrou pelas frestas, sacudiu meu peito, forte. Suspirei... Era noite e o sol entrou. Rita Bittencourt

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