sábado, 28 de novembro de 2009
PASSAGEM POR PASÁRGADA - Rita Bittencourt
Ah, iria, eu pra Pasárgada
Pra ser rainha - Oh, lá, lá! -
Pois se sou feliz aqui
Serei muito mais por lá.
Levo meu rei e meus súditos,
Vou colher tâmaras no pé,
Recitarei os meus versos
Pro povo que, lá ,houver.
Vestirei vestes de seda,
Seduzirei o meu rei,
Sem medo de prole grande,
Muitos filhos gestarei
Em camas brancas, ao vento,
Sob luas de papel,
Cheias, brancas, luminosas,
Sem a penumbra de véus.
Não terei medo de amar,
Ginástica, jamais farei,
Pau-de-sebo, nem pensar,
Em Pasárgada, deitarei!
E, me desculpe o poeta,
Do mar, jamais me aproximo,
Pois já levou o meu canto,
Pode selar meu destino...
Quero sombra e água fresca,
Pois, daqui, já me esgotei.
Lá em Pasárgada, te juro,
Morrer, jamais pensarei!
Mas, em Pasárgada, só quero
Passar um tempo pequeno
Pra não morrer de saudade
Da minha terra, menino.
UMA VIAGEM PRA PASÁRGA, da Litteris Editora, 2009. Parodiando Bandeira, de"birra", o contrario em tudo. Faria tudo isso, e muito mais, na utópica terra.
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